Dizem que numa
feira de ciências em 1964 ele previu que, em 2014, poderíamos nos comunicar com
outras pessoas por uma espécie de telefone com som e imagem. Que também disse
que quase todas as pessoas estariam fazendo psicoterapia e que os robôs
existiriam, mas que não seriam tão sofisticados e nem tão bons como ele mesmo os
havia imaginado. Quem era ele? Isaac Asimov. Seu legado? Um monte de boas
histórias de ficção científica.
Nascido na cidade russa de Smolensk em
1920, ainda bem pequeno se mudou com a família para os EUA, onde se formou em
Química pela Universidade Colúmbia. Escreveu seu primeiro conto aos 15 anos e
vendeu um outro aos 18 para a prestigiada revista Amazing Stories. A partir daí não parou mais: até sua morte, em
1992, escreveu mais de 260 livros, sendo apenas 50 de ficção. O resto foi a sua
contribuição para a ciência, traduzindo para as pessoas comuns aquilo que só os
cientistas eram capazes de entender.
Em 1950 escreveu uma de suas obras mais
famosas, “Eu, robô”. Um livro de contos com histórias de todos os tipos, sempre
envolvendo robôs. Foi nesse livro que apresentou pela primeira vez o enunciado
de suas famosas “leis da robótica”:
Primeira Lei -
Um robô não pode causar dano a um ser humano nem, por omissão, permitir que um
ser humano sofra.
Segunda Lei - Um
robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto quando essas
ordens entrarem em conflito com a Primeira Lei.
Terceira Lei -
Um robô deve proteger sua própria existência, desde que essa proteção não se
choque com a Primeira nem com a Segunda Lei da robótica.
Além de tentar diminuir o medo de alguns
leitores em relação aos robôs e máquinas sofisticadas, uma vez que apresentavam
uma visão otimista do futuro, as leis serviram também como base para contar
histórias deliciosas como o conto “Robbie”, onde uma ordem dada a um robô, e
seguida ao pé da letra, cria uma tremenda confusão.
A imensa popularidade de Asimov não se deu
apenas por causa dos robôs, mas principalmente pela sua capacidade quase
ilimitada de imaginar outros mundos, outras culturas e situações inusitadas
como em “Viagem fantástica”, onde uma nave com tripulantes é encolhida a um
nível microscópico e injetada na corrente sanguínea de um paciente. Obra que já
teve mais de uma adaptação para o cinema. Cinema que, aliás, ainda se inspira
em Asimov como nos filmes “O homem bicentenário” e “Eu, robô”.
Seja na criação de verdadeiras sagas, como
a de “Fundação” ou séries mais leves e divertidas como a de Lucky Starr, a
verdade é que o talento de Asimov faz falta nos dias de hoje, onde a literatura
de ficção científica praticamente desapareceu. A
editora Aleph vem, quase sem alarde, reeditando alguns dos livros mais
populares de Asimov. A mais caprichada de todas as reedições, por enquanto, é “Fundação”
(que saiu, inclusive, em dois boxes bem interessantes, além dos volumes avulsos),
sem falar em “Eu, robô”, “O fim da eternidade”, “Os próprios deuses”, “O sol
desvelado” e “As cavernas de aço”. Boa chance para novos e velhos fãs se
deliciarem com um dos maiores nomes da ficção científica de todos os tempos.
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