segunda-feira, 18 de maio de 2020

Páginas molhadas


O sexo sempre foi uma das coisas mais fascinantes para o ser humano e, ousaria dizer, continua sendo. Basta ver o quanto ainda discutimos sobre questões de gênero, por exemplo. Sendo assim, a literatura não poderia ficar de fora dessa.       Narrativas eróticas são tão antigas quanto a humanidade, mas foi o Renascimento que “descobriu” que as histórias picantes podiam se transformar em literatura. É claro que, bem antes disso, o erotismo já tinha sido tema de livros como Satíricon, de Petrônio e Decameron, de Giovanni Bocaccio, dois dos pioneiros a abordar o tema.
      John Cleland é considerado o primeiro autor a fazer um livro moderno sobre isso com Fanny Hill: memórias de uma mulher de prazer, em meados do século XVIII. A prova da perenidade do assunto é que o livro é editado até hoje.
      Claro que não faltam clássicos dos mais diversos, do Kama Sutra à Autobiografia de uma pulga (Stanilas de Rhodes), passando pelos livros de Ovídio, Sade, Restif de La Bretonne, Sacher-Masoch e outros, mas deixo aqui as minhas indicações – além de todas as já citadas -, sempre avisando que se trata de uma lista particular:
O sofá – Crébillon Fils: Neste romance no mínimo inusitado o narrador é ninguém menos do que um sofá! Com a descrição de todo tipo de encontro sexual, o livro, no entanto, pode até ser classificado como moralista. Uma de suas famosas máximas é a de que “o libertino é, antes de tudo, um impotente!” 
Sexus, Plexus e Nexus – Henry Miller: Três livros em um, todos com a marca do autor nas descrições das relações sexuais sem metáforas. Essenciais para quem quer conhecer a obra de Miller, podem ser lidos separadamente. Se assim optar, prefira os dois primeiros.
O amante de Lady Chaterlley – D. H. Lawrence: Obra clássica que rompeu com os padrões morais da época ao descrever a relação entre uma mulher nobre e um empregado em detalhes crus. Menos erótico e mais uma história de paixão e amor, o livro sempre merece uma leitura sem preconceitos. Recomendo e recomendo novamente.
A história do olho – George Bataille: Dois jovens descobrindo o sexo em suas mais variadas formas. Assim pode ser descrito este livro que, desde sua primeira publicação, em 1928, angariou a admiração de gente como Michel Foucault, Roland
Barthes, Mishima e tantos outros. Precisa dizer mais?
Delta de Vênus – Anaïs Nin: Escritas sob encomenda para um cliente chamado somente de “O colecionador”, as histórias deste volume foram feitas quase todas durante os anos 40. São relatos realistas de prostitutas e seus clientes, amantes possessivos e estranhos, tudo na prosa elegante que caracterizam a autora.
A entrega: memórias eróticas – Toni Bentley: Ancorado nas memórias da autora, o livro fala de apenas um tipo de relação sexual: a anal. Por isso, pode não agradar a todos, mas seu teor erótico é indiscutível. Recomendo.
Vox – Nicholson Baker: Basicamente uma conversa telefônica, o erotismo de Vox está na capacidade de as palavras evocarem imagens e ideias excitantes. Interessante e de leitura rápida, pode ser considerado um clássico do erotismo pós-moderno.
Amêndoa: um relato erótico – Nedjma: Às vezes delicado, outras melancólico e até brutal, este livro fala de uma relação sexual num país reconhecidamente exótico, o Marrocos. Além disso, fala sem reservas da intimidade de uma mulher mulçumana, coisa raríssima nesse tipo de literatura.
Manual de civilidade destinado às meninas para uso nas escolas – Pierre Louys: Escrito para ser uma paródia, este livro ataca de forma destruidora o puritanismo burguês, chegando mesmo a ser chulo e grosseiro algumas vezes, mas sempre divertido. Escrito em 1917, mas só publicado dez anos depois, inclusive também após a morte de Louys, continua sendo um clássico da devassidão.
Os 120 dias de Sodoma – O Marquês de Sade conseguiu a façanha de transformar seu próprio nome em uma parafilia sexual: o sadismo. E esta é a obra que fez com que isso acontecesse. Goste ou não goste de seus exageros, não se pode negar de que é uma obra seminal... em todos os sentidos.   

     

Sai, capeta!


Não é de hoje que anjos e demônios chamam a atenção dos escritores. De Dante a William Peter Blatty, David Seltzer e até Dan Brown, muitos dedicaram suas mentes criativas e talento para contar histórias onde o protagonista não era outro se não o próprio Diabo. Um dos registros mais antigos é o chamado “Martelo das feiticeiras”, o Malleus Maleficarum, escrito por dois inquisidores dominicanos, Heinrich Kramer e James Sprenger.
            Usado como manual para identificar e caçar bruxas na Idade Média, o Malleus é também uma das obras mais influentes na construção ocidental do demônio.  Escrito por volta de 1480, tem uma visão exagerada e preconceituosa das mulheres, que seriam o canal através do qual o Diabo atingiria a humanidade. Serviu de inspiração para muitos filmes, livros e peças de teatro.
            Outras obras que se dizem autênticas, ou seja, não são obras de ficção são “Reféns do diabo”, de Malachi Martin e “Exorcismo: uma história verdadeira”, de Thomas B. Allen. O primeiro, editado no final dos anos 70, é apresentado como uma compilação de histórias reais de possessão demoníaca. Impressiona pelos detalhes e, em muitos momentos, chega a ser didático na citação de rituais e técnicas de investigação do mal. Para leitores persistentes e curiosos.
            O segundo é o relato do caso de um adolescente norte-americano que, depois da morte de uma tia, vai ficando cada vez mais estranho até se confirmar a possessão. O caso do comportamento anormal do menino é verdadeiro – até rendeu matéria no Fantástico, pelo então repórter internacional Hélio Costa -, mas a hipótese de possessão não é aceita por todos. Leitura impressionante, o livro de Allen não é para pessoas fracas e que se assustam facilmente. O autor diz que o Vaticano confirma a possessão em documento oficial com mais de 40 assinaturas.
            Talvez o mais famoso livro sobre o assunto seja “O exorcista”, de William Peter Blatty. Diz a lenda que Blatty se inspirou no caso real, narrado anos depois por Allen no já citado “Exorcismo”, apenas trocando a identidade do menino de 14 anos por uma menina de 12. Obra que vendeu milhões de exemplares no mundo todo, “O exorcista” até hoje é um livro assustador, assim como o filme baseado nele.
            Outro livro que virou um filme de sucesso é “A profecia”, de David Seltzer, contando a história do nascimento do anticristo, que seria filho de um diplomata norte-americano. Numa história de suspense e tensão crescentes, Seltzer cria uma obra que também assusta, mais pelos detalhes e pela trama do que por sua real possibilidade.
            Há pouco saíram por aqui as obras do casal Warren, Ed e Lorraine (aquele mesmo que aparece nos filmes Invocação do Mal 1 e 2). Até agora são três livros: Demonologistas, Lugar sombrio e Vidas eternas. Nenhum dos três muito empolgantes ou convincentes.
            “1977: Enfield”, de Guy Lion Playfair é tido como o caso mais bem documentado de poltergeist do mundo. Apesar de ter essa “classificação”, a suspeita cai mesmo sobre o capeta. É mais um livro na conta do tinhoso!
            Não podemos deixar, é claro, de citar clássicos como “As possuídas do diabo”, de Thomas Tryon, “O bebê de Rosemary”, de Ira Levin e “Os demônios de Loudun”, de Aldous Huxley, todos bons livros para quem gosta do assunto. Mas, quando todo mundo pensava que este filão estava encerrado, eis que surge Andrew Pyper e seu “O demonologista”.
            Editado aqui no Brasil caprichosa e corajosamente pela Darkside, o livro de Pyper vem bem recomendado e com uma carreira internacional invejável: Pyper ganhou o prêmio de melhor romance do International Thriller Writers em 2014, concorrendo com ninguém menos do que Stephen King; foi finalista do Shirley Jackson Award (2013) e do Sunburst Award (2014); chegou ao topo da lista dos mais vendidos do jornal canadense “Globe and Mail”, já teve sucesso em mais de uma dezena de países e vai virar filme no ano que vem.
            Conta a história de David Ullman, um cético acadêmico especialista na obra do poeta John Milton que, depois de receber um misterioso convite para visitar Veneza, é obrigado a rever sua visão do Diabo através da dor e do sofrimento. A promessa é a de ser uma leitura tensa e apavorante. Só resta saber se vai entrar definitivamente para a lista de obras fundamentais inspiradas no demônio ou será apenas mais uma tentativa frustrada de se brincar com o Mal.

Livros malditos


Desde que o homem começou a se sentir atraído pelos livros, começaram também as histórias de livros proibidos ou amaldiçoados. Alguns foram absolutamente inventados – como o já famoso Necronomicon, de H. P. Lovecraft – outros foram realmente escritos e, por uma razão ou outra, arrebanharam a fama de malditos ao longo dos séculos, como o Livro de Thot, que dizem matar quem o lê.
Um dos famosos autores de uma das obras referenciais sobre ocultismo “O despertar dos mágicos”, Jacques Bergier, dizia existir pelo menos um grupo no mundo que seria responsável pelo desaparecimento de alguns livros considerados malditos. Apelidou esse grupo de "homens de preto". Ele sempre afirmou que havia uma destruição sistemática de livros e documentos contendo descobertas perigosas. Estes livros seriam perigosos não só pelo seu conteúdo, mas também porque teriam efeitos imprevisíveis.
Um dos mais antigos é o "Livro Negro de Carmarthen", que teria sido escrito em 1250, o que faria dele o mais antigo manuscrito medieval escrito em galês. Com poemas e histórias de lendas proféticas sobre os heróis da “Idade das Trevas”, inclui as primeiras referências ao Rei Arthur e ao mago Merlin.
Já o egípcio “Livro de Thot” teria a capacidade de causar a morte de seus azarados leitores que, se tivessem sorte de sobreviver, poderiam até convocar os mortos ou entender a linguagem de cada animal sobre a face da terra, dependendo das passagens que liam em voz alta.
 O criador da Cientologia, Ron Hubbard, afirmava ter escrito um livro tão absurdo que todos os que o leram ficaram loucos. O manuscrito chamava-se “Excalibur” e tinha a ver com a saga do rei Arthur e seus cavaleiros da Távola Redonda. Há quem garanta que poucos e raríssimos exemplares da obra maldita ainda circulam pelo mundo.
O livro “O rei de amarelo”, de Robert W. Chambers é outro sempre apontado como perigoso. Ganhou destaque entre seus fãs mais por isso do que por outra coisa já que, como obra literária, é bem simples. Sua menção em outros livros – como em “Às Avessas”, de Huysmans, por exemplo – e sua preferência entre alguns intelectuais influentes fizeram muito mais pela sua fama de “livro maldito” do que o próprio livro em si.
O fato de Chambers afirmar que a leitura de um dos capítulos pode matar também ajudou a mitologia do livro, que nada mais é do que contos entrelaçados com uma peça de teatro chamada justamente de “o rei de amarelo”. O problema é que a leitura integral do texto levaria à loucura e à morte.
Conhecido como “o livro que ninguém consegue ler”, o manuscrito Voynich é um volume ilustrado numa linguagem aparentemente incompreensível que está catalogado na Bibilioteca Beinecke de Manuscritos e Livros Raros da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Tem esse nome em homenagem ao polonês naturalizado britânico Wilfrid Voynich, comerciante de livros usados que teria descoberto o misterioso livro em 1912, na Itália.
            Teorias sobre o que seria o estranho documento não faltam, até a de que é um diário de um extraterrestre adolescente, esquecido por aqui há muito tempo. O livro parece mesmo um diário, pelo menos no formato: pequeno, frágil e com uma capa de couro desgastada, tem cerca de 240 páginas, quase todas com desenhos.
            Os desenhos parecem coisas saídas de alucinações: plantas estranhas, símbolos astrológicos, criaturas em forma de medusas, uma espécie de lagosta e até um grupo de mulheres nuas. Muitos pesquisadores acreditam que o livro tenha sido “criado” pelo próprio Voynich, um expediente muito comum entre comerciantes de livros raros.
            O certo é que livros malditos, misteriosos ou simplesmente raros ainda são fonte de inspiração para a criação de outros livros. Um dos casos mais recentes é o livro “O mercador de livros malditos”, do italiano Marcello Simoni (Jangada). Com a desculpa da busca por um raríssimo livro repartido em quatro pedaços, o Uter Ventorum, a história é repleta de enigmas e reviravoltas típicas da época em que ainda se acreditava em magias, maldições e livros poderosos. Vale a pena arriscar e, o que é melhor, sem correr risco de vida com a leitura.

50 tons de antigamente...


Com o sucesso da transposição para o cinema do livro “50 tons de cinza” me lembrei da época em que, adolescente, líamos alguns livros que eram terminantemente proibidos por qualquer pai e mãe de família. Eram obras cruas, é verdade, mas me parece, bem mais interessantes do que esses falsos tratados de erotismo chique que povoam as livrarias de hoje.
Falo de autoras brasileiras como Cassandra Rios e Adelaide Carraro, por exemplo, que escandalizavam ainda mais por serem mulheres. Também de Christopher Palmer, pseudônimo de um escritor estrangeiro famoso – segundo a editora de seus livros – que escreveu obras recheadas de descrições explícitas e enredos ridículos, mas que vendia tudo que saía de sua não tão fértil cabeça.
Autora de mais de 40 títulos, Cassandra Rios – que na verdade se chamava Odete – foi perseguida pela ditadura militar a tal ponto que hoje é quase impossível se encontrar algum volume de sua extensa obra. Homossexual assumida e autora pornográfica, a vida desta paulistana de Perdizes não foi nada fácil. Começou a escrever ainda adolescente, mas no auge de sua carreira teve que criar dois pseudônimos masculinos para driblar a censura dos militares, que a perseguiam muito mais por sua homossexualidade do que pela natureza de seus escritos.
Dona de uma prosa fácil e sem metáforas, Cassandra incomodava a quase toda a sociedade, principalmente por descrever atos sexuais entre mulheres em detalhes numa época em que qualquer menção ao sexo era altamente patrulhada pela turma da “tradição, família e propriedade”.
Sem dúvida, pagou um alto preço por isso: o quase banimento da história da literatura brasileira, mesmo que títulos como “Eu sou uma lésbica”, “Carne em delírio”, “Tessa, a gata”, “A paranoica” (que virou um filme de sucesso com Nicole Puzzi, amiga de Cassandra na vida real) e muitos outros ainda sejam venerados e lembrados com saudade pelos mais velhos. Cassandra faleceu em 2002, mais de dez anos antes de ver sua vida transformada em documentário pela jornalista Hanna Korich.
A também paulistana Adelaide Carraro deixou uma obra tão extensa quanto a de Cassandra, computando cerca de dois milhões de livros vendidos. Sucessos estrondosos como “O estudante” e “Eu e o governador” ainda circulam por aí com uma enorme legião de fãs. Uma das editoras da autora diz que só “Eu e o governador” conseguiu a façanha quase insuperável de vender 20 mil exemplares em apenas três dias. A ditadura incomodou menos Adelaide, que ficava aborrecida mesmo com os acadêmicos e críticos literários que insistiam em classificar seu trabalho como subliteratura. Escreveu, inclusive, um livro com cartas de fãs de todas as classes sociais para provar que sua obra era admirada por todo mundo. “Escritora maldita?” não vendeu tanto quanto seus outros livros, mas é a prova de que ela também sofreu por não ser considerada uma escritora de verdade. Morreu de câncer em 1992 e assim como Cassandra, não teve em vida o devido reconhecimento. Nem como educadora sexual de várias gerações.
O Sr. Grey que me desculpe, mas acho que está mais do que na hora de as editoras republicarem o trabalho de Cassandra, Adelaide, Pauline Réage, Jacqueline Susann, Erica Jong, Xaviera Hollander e outras mulheres corajosas que ousaram desafiar a sociedade com sua visão particular de uma coisa que todo mundo acha que só diz respeito aos homens.

Auto-ajuda é masturbação!


De uns anos para cá, uma espécie curiosa de títulos inaugurou a chamada “literatura de autoajuda”, seja lá o que isso quer dizer. Falo de uns anos para cá, mas a verdade é que desde a década de 40 existem espertas tentativas de se ganhar dinheiro em cima de obviedades que poderiam ser constatadas com um mínimo de esforço mental.
Dale Carnegie, norte-americano do Missouri nascido em 1888, foi um dos primeiros espertalhões a descobrir que poderia ficar rico ensinando o óbvio para pessoas mentalmente preguiçosas.
“Como fazer amigos e influenciar pessoas”, escrito por ele em 1936, ainda hoje é um dos livros mais lidos no mundo, com mais de 50 milhões de exemplares vendidos em quase 40 idiomas diferentes. O que prova o tamanho da necessidade que a maioria das pessoas tem de alguém que as comande, mesmo em ações comuns e naturais como fazer amizades.  
No Brasil, Augusto Cury é o campeão do óbvio, com mais de 20 milhões de exemplares vendidos e pelo menos três ou quatro títulos na lista dos mais lidos neste gênero. Não contente em enriquecer graças à inoperância alheia, ele agora se diz o descobridor de síndromes e manias pós-modernas. Haja talento para uma só pessoa! Ganhar dinheiro, com certeza ele sabe, ninguém pode negar.
O negócio é tão lucrativo que tem monge budista (Manual de limpeza de um monge budista, de Keisuke Matsumoto); blogueira (Manual da mulher bem resolvida, de Taty Ferreira); padre (Philia, do Padre Marcelo Rossi); PhD (Foco, de Daniel Coleman) e, por incrível que pareça, até jornalista (O poder do hábito, de Charles Duhigg) querendo a sua fatia de bolo.
Nada mais normal numa sociedade capitalista. O ruim é que livro de autoajuda acaba servindo muito mais para ajudar o autor a ganhar dinheiro do que outra coisa. A única autoajuda válida e salutar, a meu ver, é a masturbação. O resto é manipulação mental, com joguinhos de técnicas misturadas com experiências pessoais, pitadas de filosofia de boteco e religião diluída em condescendência. Não dá para levar ao pé da letra e muito menos à sério.
Esses caras fazem aquilo que minha avó já dizia: “se conselho fosse bom a gente não dava, vendia!” Pois, eles fazem exatamente isso. Vendem conselhos rasos a preço de ouro. Lapidam obviedades grosseiras como gemas preciosas e empurram goela abaixo dos famintos por um alento, principalmente nestes dias tão difíceis.     
Talvez, o título mais honesto desse tipo de livro seja o atualmente esgotado “Ajuda-te a mim mesmo”, de Agamênon Mendes Pedreira, alter-ego da endiabrada turma do Casseta & Planeta. Este, pelo menos, a gente sabe que não se deve levar à sério... muito pelo contrário.

Os 100 anos do pai de todos os robôs


Dizem que numa feira de ciências em 1964 ele previu que, em 2014, poderíamos nos comunicar com outras pessoas por uma espécie de telefone com som e imagem. Que também disse que quase todas as pessoas estariam fazendo psicoterapia e que os robôs existiriam, mas que não seriam tão sofisticados e nem tão bons como ele mesmo os havia imaginado. Quem era ele? Isaac Asimov. Seu legado? Um monte de boas histórias de ficção científica.
      Nascido na cidade russa de Smolensk em 1920, ainda bem pequeno se mudou com a família para os EUA, onde se formou em Química pela Universidade Colúmbia. Escreveu seu primeiro conto aos 15 anos e vendeu um outro aos 18 para a prestigiada revista Amazing Stories. A partir daí não parou mais: até sua morte, em 1992, escreveu mais de 260 livros, sendo apenas 50 de ficção. O resto foi a sua contribuição para a ciência, traduzindo para as pessoas comuns aquilo que só os cientistas eram capazes de entender.
      Em 1950 escreveu uma de suas obras mais famosas, “Eu, robô”. Um livro de contos com histórias de todos os tipos, sempre envolvendo robôs. Foi nesse livro que apresentou pela primeira vez o enunciado de suas famosas “leis da robótica”:  
Primeira Lei - Um robô não pode causar dano a um ser humano nem, por omissão, permitir que um ser humano sofra.
Segunda Lei - Um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto quando essas ordens entrarem em conflito com a Primeira Lei.
Terceira Lei - Um robô deve proteger sua própria existência, desde que essa proteção não se choque com a Primeira nem com a Segunda Lei da robótica.
      Além de tentar diminuir o medo de alguns leitores em relação aos robôs e máquinas sofisticadas, uma vez que apresentavam uma visão otimista do futuro, as leis serviram também como base para contar histórias deliciosas como o conto “Robbie”, onde uma ordem dada a um robô, e seguida ao pé da letra, cria uma tremenda confusão.
      A imensa popularidade de Asimov não se deu apenas por causa dos robôs, mas principalmente pela sua capacidade quase ilimitada de imaginar outros mundos, outras culturas e situações inusitadas como em “Viagem fantástica”, onde uma nave com tripulantes é encolhida a um nível microscópico e injetada na corrente sanguínea de um paciente. Obra que já teve mais de uma adaptação para o cinema. Cinema que, aliás, ainda se inspira em Asimov como nos filmes “O homem bicentenário” e “Eu, robô”.
      Seja na criação de verdadeiras sagas, como a de “Fundação” ou séries mais leves e divertidas como a de Lucky Starr, a verdade é que o talento de Asimov faz falta nos dias de hoje, onde a literatura de ficção científica praticamente desapareceu.         A editora Aleph vem, quase sem alarde, reeditando alguns dos livros mais populares de Asimov. A mais caprichada de todas as reedições, por enquanto, é “Fundação” (que saiu, inclusive, em dois boxes bem interessantes, além dos volumes avulsos), sem falar em “Eu, robô”, “O fim da eternidade”, “Os próprios deuses”, “O sol desvelado” e “As cavernas de aço”. Boa chance para novos e velhos fãs se deliciarem com um dos maiores nomes da ficção científica de todos os tempos.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Irving, a pornografia e a ditadura brasileira


“Assinando meu nome verdadeiro, escrevi diversos livros de que foram vendidos milhões de exemplares; estes livros foram traduzidos para quase todas as línguas. Alguns de meus romances foram transformados em filmes, viraram especiais de televisão ou – em forma de peças – chegaram aos palcos da Broadway.”
Esta é parte da apresentação de Christopher Palmer na orelha da edição brasileira de “Ela”, seu livro mais famoso, e ajuda a compor o mistério em torno da obra. No entanto, fica difícil acreditar nesta declaração quando se lê o texto de Palmer, ou fosse lá quem era o autor:
“Eu a encontrei na chuva, à noite, debaixo de umas árvores. Foi naquele momento que a beijei pela primeira vez. Caminhávamos juntos, protegidos por um guarda-chuva; a chuva nos cercava. Estávamos de braços dados. Um carro passou pela rua molhada, deixando-nos a sós. Não era tarde, mas a chuva prendera todas as pessoas sensatas em casa.”
Convenhamos que não parece texto de um famoso escritor best seller, mas antes o de um autor mais limitado, acostumado a escrever novelas pornográficas rasteiras ou livros de banca de jornal. Na verdade, “Ela” é realmente isso: um livro raso, bem distante das aspirações intelectuais pretendidas por seu autor, com descrições cruas, mas que teve o mérito de ser o “professor” de várias gerações, quando o assunto era o sexo. Principalmente no Brasil dos anos 70.
Apesar de a história ser apenas a descrição, sem atenuantes, de uma sequência de transas das mais variadas, “Ela” guarda um ranço brega próprio da época em que foi produzido. Por exemplo, os protagonistas não têm nomes, mas seus órgãos sexuais são chamados entre eles de Irving e Matilda. A mulher tem problemas afetivos, o que poderia servir para justificar seu comportamento sexual, deixando a obra também com um fundo irritante de falso moralismo.
Tudo isso junto, nos dias de hoje, soaria bem ridículo. Então, qual seria o mérito de “Ela”? E porque o livro vendeu tanto e ficou tão famoso no mundo inteiro?
Em outros países não sei dizer, mas no Brasil vivíamos uma ditadura militar que perseguia a tudo e a todos. Cassandra Rios, famosa escritora pornográfica da época, se queixou durante toda a vida desta perseguição. No entanto, “Ela” vendia como água em quase todas as livrarias do país e circulava entre os estudantes até mais do que o “Manifesto Comunista”, de Marx e Engels e, pasmem, aparentemente ignorado pela ditadura.
Publicado no início dos anos 70 pela editora carioca Artenova, rapidamente chegou à cinco edições e, embora esteja fora de catálogo há muito tempo, continua disputado nos sebos e lojas de livros usados. A obra, portanto, se ressente do clima em que foi gerada. Não traz quase nenhuma referência ao autor que não as notas das orelhas e, apesar de trazer, também, uma nota do tradutor dizendo que iria respeitar o anonimato do autor original, permanecendo ele mesmo também incógnito, sabe-se que foi Germano Freitas quem traduziu e adaptou o livro.
Alguns estudiosos, inclusive, afirmam que o livro seria do próprio Germano ou de alguma escritora conhecida como a já citada Cassandra Rios ou Adelaide Carraro, ou seja, seria uma obra brasileira feita sob encomenda da Artenova. Essa história de que seria um livro estrangeiro de um escritor famoso sob pseudônimo teria sido criada somente para burlar a ditadura militar brasileira.
Coincidentemente ou não, mesmo com toda a tecnologia de busca de informações existente hoje em dia, nada pode ser encontrado fora do Brasil sobre a obra de Christopher Palmer – que ainda escreveu “Ele”, “Nós”, “Yvonne”, “Elza”, “Pecado antes do café”, “A hora do amor”, “Amor sem limite” e “Submissão” – , o que só aumenta o mistério que envolve um livro pornográfico que desafiou os militares ao levar o sexo sem pudor para a massa.


Clarice e a barata


Nos últimos tempos, por conta das invencionices sem pé nem cabeça das redes sociais, ela acabou voltando à moda, mesmo sem ser ela mesma. Uma escritora diferente, difícil de ser classificada e, apesar de incensada pela crítica, pouquíssimo lida, principalmente pelas novas gerações. Clarice Lispector, a ucraniana que se dizia mais brasileira do que muitos, marcou definitivamente a história da literatura brasileira.
Uma de suas obras mais festejadas, entre tantas famosas como “A hora da estrela” e “Água viva”, por exemplo, “A paixão segundo G.H.” é um livro de difícil digestão mas que, em algum momento, merece ser lido. Ao contar a banal história da dona de casa G.H., que resolve fazer faxina num quartinho de hóspedes depois de dispensar a empregada, Clarice Lispector acaba criando um libelo sobre a arte de viver e suas idiossincrasias.
Se no meio do caminho de Carlos Drummond tinha uma pedra, no de Clarice tinha uma barata. Sim, porque ao entrar no quartinho, G.H. se depara com uma barata saindo de um velho guarda-roupas e a esmaga com a porta do móvel. A partir da barata semimorta (ou semiviva?) se desenrola toda a ação do livro.
Ação é maneira de dizer, uma vez que o livro é um discurso quase sem pausa, um monólogo ardente, às vezes monótono, muitas vezes confessional, mas que se passa num dia dentro de um apartamento onde uma mulher repassa sua visão de mundo ao se defrontar com uma barata. Não se pode discutir mais a fundo o livro sem adiantar os acontecimentos para quem ainda não a conhece, mas é um bom cartão de visitas à obra desta interessante e diferente escritora.
Mulher linda e atraente, sempre considerou vencer pelo talento literário e, se não teve grande reconhecimento em vida, foi graças à natureza inquietante de sua obra. Mesmo doente, nos últimos anos, em que padecia de um câncer nos ovários, ainda ditava linhas e mais linhas aos mais próximos. Todas muito particulares e carregadas de uma filosofia própria, mas sempre curiosas.
E, mesmo que tenham se passado tantos anos, sua obra permanece atual e desafiadora. Se você ainda não leu nada de Clarice Lispector e quer ir além das falsas frases soltas na Internet, vale a pena ler “A paixão segundo G.H.”. Um livro difícil, instigante e misterioso, ao seu modo. Garanto que é diferente de quase tudo o que você já leu e que, com certeza, irá transformar você de algum jeito... para melhor ou para pior.  

Apocalipse Now


           A pandemia de coronavírus está deixando muita gente curiosa para obras de cunho definitivo e, se existe uma temática atraente na literatura deste século é, sem dúvida, o apocalipse. Se for zumbi, então, nem se fala. De Stephen King a Justin Cronin, passando pelos estreantes M. R. Carey e Hugh Howie, muitas obras abordam as visões de fim de mundo que povoam as mentes mais criativas.
            A vontade de imaginar um fim ou um futuro distópico para o mundo não é obra exclusiva do século XXI. Começa bem antes com obras como o desconhecido “O último homem”, da mãe de Frankenstein, Mary Shelley.
Passa por “A máquina do tempo”, “Alimento dos deuses” e “O país dos cegos”, todos de um dos pais da literatura de ficção científica, H. G. Wells. 
Continua com “Admirável mundo novo”, de Aldous Huxley e “Fahrenheit 451”, de Ray Bradbury. Chegando, nos anos 60, a “Laranja mecânica”, de Anthony Burguess e “Planeta dos macacos”, de Pierre Boule.
            Mas, nunca se escreveu tanto sobre o fim dos tempos como agora... ou como nas duas últimas décadas. O mestre Stephen King contribuiu com “Dança da morte” e “Celular”, sendo o primeiro um dos mais volumosos trabalhos de King, com mais de 1300 páginas. Conta a história da dizimação do mundo como conhecemos por causa de um vírus letal, além da eterna disputa entre bem e mal no meio de todo o caos.
            Já “Celular” não foi muito bem recebido pelos fãs. Muitos alegaram que a metáfora dos males da tecnologia, concebida em cima de telefones móveis que transformam pessoas em loucos furiosos, era óbvia e rasa demais.
            Já “A passagem”, de Justin Cronin, tal qual “Dança da morte” é sobre algo que dá errado em experiências científicas que querem criar um super soldado. Para isso, doze condenados são usados como cobaias. A obra, que tem dois outros volumes (“Os Doze” e “A cidade dos espelhos” ) tem seus defensores ardorosos.
            Um pouco fora desse estilo, mas igualmente apocalíptico, é o interessante “A menina que tinha dons”, de M. R. Carey, que é mais o estilo zumbis-sedentos-de- sangue. A diferença está justamente na menina Melanie, que dá nome ao livro, e na maneira criativa que Carey (roteirista conhecido de HQs como Lúcifer e X-men) imprime à sua narrativa, fazendo da menina zumbi a heroína da trama. Foi transformado em filme “Melanie, a última esperança (2016)”, com Glenn Close no meio de um elenco praticamente desconhecido.
            “Silo”, de Hugh Howie, “Caixa de pássaros”, de Josh Malerman e “Aniquilação”, de Jeff Vandermeer fazem a linha “depois-que-tudo-acabou-só- sobramos-nós” e também encontram fãs inflamados, embora o livro de Vandermeer seja o mais criticado entre os três, mesmo sendo apenas o primeiro volume de uma trilogia
(“Autoridade” e “Aceitação”). Virou uma produção da Netflix com Natalie Portman, mas a reação foi tão fria quanto a reservada ao livro.
            Na contramão de quase todos, “Vivian contra o apocalipse”, da estreante Katie Coyle é para leitores mais refinados, embora possa ser acusado de ser um romance adolescente disfarçado em uma banal distopia apocalíptica, não deixa de ter lá seus atrativos. Também numa linha mais indireta temos o ótimo “A noite devorou o mundo”, de Pit Agarmen (pseudônimo do escritor francês Martin Page).
            Claro que não se pode esquecer das obras referenciais de Max Brooks. Os seus “Guias de sobrevivência a zumbis”, “O desfile da extinção” etc., embora não falem de apocalipse em si, mas do que restou dos seres humanos depois de tudo, são obras que inspiram muitas outras, como os gibis de “The walking dead” e séries de terror de segunda classe.
            Mas, sendo zumbi ou não, a verdade é que escrever sobre o fim do mundo parece ser uma ótima maneira de ganhar dinheiro e divertir os fãs das fantasias fatais. Pelo menos até que algum vírus real acabe com tudo de verdade...

O estranho e curioso caso da Menina Morta


Sem medo de errar, podemos dizer que um dos autores brasileiros menos conhecidos de todos os tempos é o carioca Cornélio Penna (1896-1958). Escritor, pintor, gravador e desenhista, Penna participou ativamente da segunda fase do Modernismo no Brasil e pode ser tranquilamente considerado um dos pais do chamado “realismo psicológico” na literatura.
Penna escreveu quatro livros (Fronteira (1935), Dois romances de Nico Horta (1939), Repouso (1948) e A menina morta (1954)) e deixou um inacabado (Alma Branca) ao falecer com 61 anos. Mas, nenhum alcançou a fama de sua estranha menina.
“A menina morta” foi publicado 60 anos depois da abolição da escravatura no Brasil, mas sua trama se passa ainda nos tempos do Segundo Império, nos últimos tempos da escravidão. A atmosfera estranha que mistura regionalismos com investigação psicológica, além dos capítulos enxutos, causou impacto, mas por outros motivos que não a estética.
Uma fazenda de café no Grotão é o cenário do livro, que parte da morte da filha mais nova de um dos senhores da fazenda. O fato termina por colocar os personagens em conflito e acaba sendo mais uma discussão social em torno da escravidão do que um romance propriamente dito.
Muitos estudos e teses já foram publicados sobre esse mitológico livro pouco conhecido e muito menos lido, mas uma obra interessante é “Favor e melancolia”, de Simone Rossinetti Rufinoni (Nankin/Edusp, 2010). Existe uma cópia digital do livro para o Kindle, mas a própria Amazon não está mais comercializando-a. Um aviso diz que a cópia não é confiável!
Nos sebos é praticamente impossível de se encontrar e, quando isso acontece, o preço não vale a pena. Resta aos que querem conhecer a obra-prima de Cornélio Penna apenas paciência e torcer por uma reedição.  


Reimprima-se ou reedite-se... de preferência, já!


             O mercado editorial no Brasil tem lá seus mistérios, não se pode negar, mas um dos maiores é porque algumas obras incensadas no mundo todo ou nunca saíram aqui ou foram editadas há tempos e praticamente não existem mais. Pior: alguns livros são publicados, fazem sucesso e nunca mais ouvimos falar daquele autor.
            Quais os critérios ou causas não sabemos, mas isso acontece há décadas, o que acaba privando alguns leitores de poder desfrutar de obras fantásticas na sua própria língua ou até ter a certeza de que uma série que gosta poderá ser lida até o final, na íntegra, com todos os detalhes e em boa tradução.
            Na lista das obras que já saíram no Brasil e se esgotaram, temos alguns exemplos claros de que não foi a qualidade da obra a causadora de seu próprio desaparecimento. “As bodas bárbaras”, de Yann Queffelec, sem dúvida é um dos livros mais fabulosos que já li na vida. No entanto, leitores mais novos jamais conhecerão a absurda qualidade desta obra, editada aqui em 1986 pela Guanabara e, infelizmente, esgotada há anos e de quem muitos sequer ouviram falar.
            “Aquela confusão louca na Via Merulana”, de Carlo Emilio Gadda, é outro exemplo. Um livro apontado por muitos críticos e leitores como fundamental também não é reeditado aqui há muitos anos. Assim como todos os quatro títulos que formam o “quarteto de Alexandria” de Lawrence Durrell, principalmente “Justine” e “Clea”. Aliás, as novas gerações nem devem saber quem foi o autor, um dos mais festejados pelo mundo afora.
            Na categoria de obras importantes de autores brasileiros, o exemplo mais triste é o do livro de Cornélio Penna, “A menina morta” (já citado aqui nesta coluna). Trata-se de uma obra ímpar, uma das primeiras que pode ser classificada como um “romance psicológico”, que influenciou diversos outros escritores e, no entanto, não pode ser encontrada a não ser em arquivos digitais pouco confiáveis.
            Mesmo livros conhecidos e reconhecidos são difíceis de serem achados fora da poeira dos sebos.  É o caso, por exemplo, de “O pássaro azul”, de Maurice Maeterlinck, só encontrado depois de muito garimpo entre os livros esquecidos nos depósitos e bancas mofadas, também cada vez mais raras hoje em dia.
            Outras obras nem foram cogitadas de serem editadas aqui, mesmo que sejam importantes em suas áreas de abordagem. É o caso de “A sedução do inocente”, de Fredric Wertham e “The image: a guide to pseudo-events in America”, de Daniel Boorstin, livros fundamentais para quem pesquisa nas áreas de quadrinhos e fenômenos sociais.
            Há também o caso de livros que não são nem tão antigos ou raros, mas que as editoras acham que não são dignos de uma reimpressão. “A vida dos animais”, de J. M. Coetzee é um título praticamente impossível de se achar, embora muita gente goste do autor e queira ler esta obra especificamente.
            Outros autores têm somente um título publicado por aqui, embora sejam donos de uma obra extensa. A escritora norte-americana de ascendência nigeriana Nnedi Okorafor só tem dois títulos publicados no Brasil (Quem teme a morte e A bruxa Akata), mas possui obras mais interessantes como “Lagoon”, por exemplo, que nem sabemos se chegará a nossas mãos um dia.
Ou seja, nós, leitores brasileiros, temos que ter muita paciência e olho vivo na reedições e garimpos em sebos!      

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